número 63 / 2023 É com muita satisfação que, num momento já adiantado do ano, apresentamos finalmente aos nossos leitores o novo volume dos Trabalhos de Antropologia e Etnologia, revista que nasceu no Porto em 1919, e cuja continuidade nos esforçamos por manter. O “atraso” relativo é compensado, desta vez, por uma diversidade de temas de grande qualidade e atualidade. Cumpre-nos agradecer a todos os autores, incluindo os coordenadores do dossiê que esta revista integra, a sua prestimosa colaboração.
Basta consultar nesta mesma página web o índice (por autores e textos) de trabalhos já publicados ao longo de décadas, para se aquilatar da rica panóplia de fontes que os TAE representam para quem queira trabalhar neste domínio das ciências sociais e humanas, a partir de uma matriz antropológica ampla. Assim provamos que, com persistência e entusiasmo, se pode produzir resultados úteis, mesmo que os meios disponíveis sejam escassos, precários. Resiliência e força de vontade coletiva fazem “milagres”! De facto, cremos não haver dúvida de que os Trabalhos de Antropologia e Etnologia se foram tornando ao longo da sua história uma revista de referência, assumindo cada vez mais por inteiro o seu carácter interdisci-plinar e transdisciplinar, adentro do vasto campo das chamadas ciências sociais e humanas. Os temas que obviamente nos importam são todos os que de algum modo contribuam para compreender melhor o ser humano e a sociedade, em toda a sua imensa complexidade e diversidade, desde estudos mais circunscritos ou concretos na sua temática, até trabalhos de predominante tendência teórica, sempre fundamental. Abertura mental e dinamismo atento ao mundo de hoje são atitudes que regem a nossa ação e, portanto, é nesse sentido que, tendo já em mira o próximo volume, de 2024 (vol. 64) nos dirigimos a todos os colegas que queiram publicar na nossa revista os seus inéditos: podem enviá-los para apreciação em qualquer momento do ano. Esse mesmo princípio, que preside a esta revista, de inter e transdisci-plinaridade, aplica-se aliás também às palestras que regularmente vamos promovendo e divulgando. A partir já deste volume de 2023, os TAE tornaram-se um periódico cujo conteúdo é revisto por pares, de forma aberta e não “cega” (os artigos propostos são revistos por colegas que têm conhecimento dos/as respe-tivos/as autores/as, e, por sua vez, estes/as também sabem quem fez a revisão dos seus trabalhos). Resta-me assim apresentar a todos e todas, em nome da SPAE e da redação dos TAE, os nossos votos de boas leituras. Vítor Oliveira Jorge Diretor da revista |
(Clique na imagem para efectuar o download do volume 63 da revista TAE)
Preâmbulo Narciso ou a sustentável leveza do ser. Amor e tecnologia no século XXI Marina Prieto Afonso Lencastre & Joana Neville Lencastre O objeto vocal ou o nada radical. Para um novo começo da psicanálise Christian Fierens De regresso a Portugal. Onze cartas de Jorge Dias para Mendes Correia (1947-1949) João Leal Mostrando essências: guias turísticos e visitas guiadas nas Ilhas de Santiago e São Vicente (Cabo Verde) Eduarda Rovisco Dois vilarinhos. Continuidades e transformações nas monografias de Jorge Dias sobre Vilarinho da Furna João Leal & Luísa Gonçalves Amulets in Portugal — from objects to superstitions: The red coral Alexandra Maria Ferreira Vieira “Celtas” na Barca: Brumas, imaginações da cultura e memória de regressos António Medeiros DOSSIÊ Como estudar a intolerância? Contributos da Antropologia e da História (Contexto Português e Brasileiro) Patrícia Ferraz de Matos & Daniel Florence Giesbrecht Autonomia ou complementaridade? Metodologias da Antropologia e da História para o estudo da intolerância Patrícia Ferraz de Matos & Daniel Florence Giesbrecht Modalidades de intolerância no passado e no presente: o exemplo do anti-semitismo João Paulo Avelãs Nunes Fontes primárias para a compreensão do racismo e do antirracismo brasileiro: por dentro do Arquivo Arthur Ramos Daniel Florence Giesbrecht Eugenia Latina em Portugal e no Brasil (primeira metade do século XX) Maria Julieta Weber Reckoning with race and social inequalities Through the migrant communities project: a citizen scientist/community scholar and service-learning methodological model Miguel Moniz Lembranças de escola: alguns registros dos saberes indígenas Geovana Tabachi Silva Integrando metodologias de pesquisa em Antropologia e História — analisando o caso Xukuru do Ororubá x estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) Kelly Emanuelly de Oliveira, Rita de Cássia Neves & Vânia Fialho Austeridade religiosa contra cultos de matriz africana no Brasil contemporâneo Maria S. Ramalho Braga Lugares de memória e violência: Os conceitos dark como possibilidade de compreensão da fascinação pelo mórbido Karen Cristina Galletto A análise histórica da violência conjugal — relevância, aproximações e fontes Rita Paiva Costa RECENSÃO Simões, Dulce. Práticas da cultura na raia do Baixo Alentejo. Utopias, criatividade e formas de resistência Jorge Freitas Branco |