número 34 (1-2) / 1994
A organização deste III.º volume de Actas do 1.º Congresso de Arqueo-logia Peninsular segue o mesmo critério, puramente pragmático, dos ante-riores. Ou seja, os textos que nele se inserem são aqueles que a tipografia mais rapidamente preparou para publicação, a partir dos originais em papel e em disquete que nos foram sendo entregues ou enviados pelos autores. Obviamente que não se teve em vista privilegiar ninguém em detrimento de outrém, no que diz respeito à celeridade de edição - mas, não se tratando de volumes temáticos (organizados, por ex., por secções, desiderato que seria irrealista) é algo que convém ficar aqui explicitado. Revistas as provas e preparadas as ilustrações do número de trabalhos necessário para mais um volume de aproximadamente 500 páginas, procu-rou-se ordenar aqueles por ordem cronológica, colocando no fim contri-butos de carácter mais "técnico" ("ciências" aplicadas à Arqueologia), ou genérico. Quanto às capas, o mesmo pragmatismo presidiu à escolha da respectiva ilustração. Referindo-se à temática de um dos trabalhos do mesmo volume, cada capa resultou dos originais que melhor se lhe adap-tavam e a que tivemos mais fácil acesso, dentro do curto espaço de tempo de que fomos dispondo. Essa utilização do material existente "mais à mão" pode dar a falsa impressão de que procurámos ressaltar trabalhos sobre Portugal, em detrimento dos dos nossos colegas espanhóis, atitude que seria a perfeita antítese de todo o nosso comportamento em relação a este Congresso, Não foi tal: apenas a necessidade de escolher, para cada caso, uma capa condigna, não protelando excessivamente por causa disso a saída do respectivo volume. Infelizmente, as dificuldades materiais de contacto entre Portugal e Espanha (nomeadamente por correio, circunstância que permanece para nós inexplicável), que tanto oneraram, em tempo e dinheiro, a preparação do Congresso, reflectem-se, até, a este nível. Creio que todos compreenderão as nossas razões. A regularidade de publicação dos volumes das Actas é essencial, até porque é assim que ganhamos acrescida credibilidade perante as instituições que nos têm apoiado finan-ceiramente, instituições essas que precisamos que nos continuem a ajudar para levarmos a bom termo, até 1995, a publicação integral das Actas. É da mais elementar justiça relevar todo o trabalho "na sombra" que explica a rapidez com que estamos a produzir e a disponibilizar para o meio arqueológico os resultados deste grande Congresso, o maior, repetimo-lo com indisfarçado orgulho, que alguma vez se realizou em Portugal. Esse trabalho deve-se a membros da direcção da S.P.A.E., a estudantes perten-centes ao Secretariado do Congresso que, graças ao apoio do Instituto da Juventude, puderam continuar a funcionar como equipa revisora de provas e, finalmente, à Litografia A.C., dirigida com tanta eficácia pelo Sr. António Candeias e seus filhos. A todos eles quero deixar aqui bem expresso o agradecimento da Sociedade. Cremos estar a contribuir para superar a imagem não muito positiva que Portugal, no que toca à publicação de congressos (não me refiro a colóquios, ou reuniões de menor dimensão) da Arqueologia, tinha dado de si próprio nos últimos tempos. Sem, porém, o conteúdo a publicar - os trabalhos dos autores - e as verbas necessárias para fazer face a este investimento, nada teria sido possível. Daí a nossa gratidão ir também para todos quantos aderiram ao Congresso, nele se inscreveram com comunicação ou poster, e nos envia-ram atempadamente os seus originais. Àqueles que porventura até hoje não o fizeram, e apesar de estarem ultrapassados todos os prazos, gostaríamos de comunicar que, a título excepcional, poderão ainda fazê-lo, imprete-riveimente, até ao fim de 1994. Assim, todos os autores que figurem no livro-guia e no programa actualizado, fotocopiado, que foi distribuído durante o Congresso, ou que tenham apresentado um poster ou comuni-cação aceites à última hora, têm ainda uma possibilidade de integrar nas Actas o seu trabalho. Sem falsa modéstia, cremos que é prestigiante para eles, para todos nós, figurarem nas Actas do 1.º Congresso de Arqueologia Peninsular. Não tomamos esta decisão por dispormos de poucos originais, muito pelo contrário; fazêmo-lo para prestarmos um serviço a esses arqueólogos e também com a intenção que nos animou a organizar este Congresso: a de que ele fosse o mais representativo possível das investi-gações importantes que se estão a realizar na, ou sobre, a Península, em todos os âmbitos da Arqueologia ou com ela conexos. Ora acontece que certos colegas, alguns deles figuras de proa da Arqueologia ibérica, que têm em mãos ou dirigem projectos de grande alcance, precisamente pela diver-sidade dos seus compromissos e obrigações profissionais, podem, em alguns casos, ter tido dificuldade em cumprir os prazos de entrega, pelo que, com este novo (e definitivo) alargamento, julgamos que terão agora possibilidade de o fazerem. O 1.º Congresso de Arqueologia Peninsular, apesar do espaço que concedeu à interdisciplinaridade e, mesmo, às questões teórico-metodo-lógicas (minoritárias, em boa verdade, por escolha dos próprios arqueó-logos, que nos apresentaram, em inteira liberdade, as suas propostas de tema de comunicação/poster), foi ainda largamente, como muito bem acentuou Juan Vicent na sessão final, um Congresso "tradicional", maiorita-riamente organizado por secções de temática cronológica, como se essa fosse a espinha dorsal, incontornável, da Arqueologia. Recentemente regressado de mais uma TAG (Theoretical Archaeology Group) Conference (desta vez em Durham) - reunião anual a que (como outras) é imprescindível assistirem mais colegas e estudantes portugueses - é-me evidente como o sistema inglês (pelo menos neste tipo de encontros, mas que também já constatei nos Estados Unidos) é susceptível de reno-vado interesse e maleabilidade. Há, inserida no evento, uma pluralidade de sessões, cada uma organizada por um ou mais autores, que fazem os convites aos intervenientes e, no fim, de acordo com o êxito maior ou menor dos trabalhos, estes reúnem-se com aqueles e decidem, ou não, se o conteúdo do que foi exposto faz sentido de conjunto e deve ser publicado em livro, contactando, se for caso disso, uma editora. Inclusivamente, os organizadores das sessões (e futuros "editors" do livro, o que obviamente implica ler todos os trabalhos e escrever um prefácio longo, problemático, ao modo, quase, de uma recensão crítica dos artigos que compõem a obra) podem achar conveniente convidar novos autores que cubram temas que o livro não poderá deixar de tratar. Quando estaremos em condições de trabalhar assim cm Portugal? É evidente que sempre precisaremos de congressos, ou reuniões, em moldes mais tradicionais, eventualmente mais especializados. Mas, para se impor publicamente e para evoluir problema-ticamente, a Arqueologia precisa de entrar noutro tipo de debates, precisa de se fechar menos no seu casulo para, permeando mais a vida cultural, surgir em toda a parte como uma presença e uma necessidade. Se próximo Congresso Peninsular fosse de algum modo mais nessa direcção, como nos pareceu ser sugerido pelo Prof. Rodrigo Balbín na sua alocução final, cremos que seria uma orientação com muitas virtualidades. Mas, noutro âmbito, a S.P.A.E. poderá também, cm próximos mandatos, ter iniciativas, à sua escala, inspiradas naquela "filosofia", distinguindo bem o que são os trabalhos que só interessam a especialistas, e que devem ter uma circulação rápida, eficaz, mas necessariamente restrita, dos grandes temas e das grandes questões de impacto cultural mais amplo, que são a própria vocação da Antropologia que dá o nome à Sociedade, e da qual, nesse sentido alargado, a Arqueologia é apenas uma faceta. Como o é de muitos outros domínios de um saber poroso, permutável, fluído, inquieto, vivo em suma. Porto, Janeiro de 1994 Vítor Oliveira Jorge Secretário-Geral do Congresso para Portugal |
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Preâmbulo Vítor Oliveira Jorge lsturitz: Nuevas aportaciones a la Prehistoria del Cantabrico. La secuencia auriñaco-perigordiense X. Esparza San Juan, J. A. Mujika Alusti El Paleolítico Superior de Catalunya: el Gravetiense de la Balma de la Griera (Calafell, Baix Penedes, Tarragona) Joseph M.ª Fullola i Pericot, Raül Bartrolí i Isanta, Artur Cebrià i Escuer, M.ª Mercè Bergadà i Zapata, David Farell i Garrigós, Jordi Nadal i Lorenzo Explotación de recursos liticos. Aportaciones del utillaje pulimentado al Neolítico Antiguo (V.º milenio a.C.) en el Mediterraneo Peninsular Teresa Orozco Kohler El Neolítico Antiguo de la Cova del Parco (Alàs de Balaguer, Catalunya) y el proceso de neolitización en el valle del río Segre Raul Bartroli, M. Mercè Bergadà, Alicia Estrada, David Farell, Annabel Gamarra, Jordi Nadal, M. Àngels Petit El Neolitico de la Region Cantábrica. Nuevas perspectivas Pablo Arias Cobal O Alto Ribatejo e o Mediterrâneo. Espaço contínuo ou hierarquizado? Luiz Oosterbeek El Neolítico final - Calcolitico en Cantabria Roberto Ontatañón Peredo Diversidade e relações inter-regionais no povoamento calcolítico da bacia do médio e alto Mondego António Carlos Valera La Edad del Bronce en la cuenca media del Tajo Arturo Ruiz Taboada El trabajo del marfil durante el Bronce Final y la Edad del Hierro en la mitad norte peninsular Blanca Pastor Vélez Continuidad o ruptura en las necrópolis de la Edad del Hierro en la Meseta?: el ejemplo de las necrópolis tumulares Luís Pérez de Ynestrosa Posuelo El asentamiento protohistórico del Barranc de Gàfols (Ginestar, Ribera d'Ebre, Tarragona) M. C. Belarte, J. Sanmartí, J. Santacana La localización de la necropolis celtiberica de Numancia A. Jimeno Martinez, F. Morales Hernández Las fases cronológicas del yacimíento prerromano de Molí d'Espígol (Tornabous-Urgell, Lérida) Miquel Cura-Morera, Jordi Principal i Ponce Estudo, conservação, restauro, dinamização e divulgação do povoamento castrejo da bacia superior do rio Coura: primeiros resultados Maria de Fátima Matos da Silva Urbanismo e arquitectura de Bracara Augusta: balanço dos resultados Manuela Martins, Manuela Delgado, Jorge Alarcão La evolución del ritual funerário de Augusta Emerita como indicador del cambio social, ideológico y religioso Juana Molano Brías, Manuel Alvarado Gonzalo Excavaciones arqueologicas en Flaviobriga. Castro Urdiales. Cantabria (1986) Cesareo Perez Gonzalez, Emilio Illarreguí Gomez Carmelo Fernandez Ibañez Anforas romanas altoimperiales de salazon. Analítica aplicada y aportaciones arqueológicas Julio Martínez Maganto, Rosario García Giménez Una fábrica importada de cerámica tardorromana de cocina Miguel Angel Cau Ontiveros Enterramentos medievais nas imediações de Sta. Maria dos Olivais (Tomar) Salete da Ponte, Judite Miranda ¿Cristiano o musulman? Las aves en los asentamientos medievales Francisco Hernández Carrasquilla, Adolfo Aguilar Baltar Archaeozoological research in Medieval Iberia: fishing andfish trade on Almohad sites Arturo Morales Muniz, Eufrasia Roselló Izquierdo, An Lentacker, Dolores Carmen Morales Muñíz Carta arqueológica do concelho de Paredes de Coura - uma perspectiva de arqueologia espacial Maria de Fátima Matos da Silva |