número 43 (3-4) / 2003
Este pequeno espaço introdutório a cada tomo da revista é um lugar enigmático para quem o escreve. Nunca se sabe quem nos lerá, e como interpretará o que aqui dizemos; se passará a correr sobre o preâmbulo para procurar um ou outro artigo que lhe interessa mais, ou se tentará, através desta "entrada" na revista, perceber melhor o projecto que está subjacente à publicação, e compreender, mesmo, a razão de ser de uma certa tenacidade que o seu aparecimento regular representa... enfim, quem escreve desconhece interamente o eco que a sua atitude terá.
Mas estamos aqui obviamente perante um acto de comunicação, que apela a uma resposta, a uma reacção do outro lado: dos leitores, doas actuais e futuros autores, dos sócios da SPAE, de todos a quem esta revista chegar. Agora e no futuro. Porque a nossa expectativa se projecta num tempo indeterminado, mítico, e num destinatário colectivo e anónimo, e portanto também mítico. Mesmo que, quando escrevemos, estejamos pensando na pessoa tal e tal, que supomos irá "receber" a mensagem, marcar presença neste encontro sem data nem lugar que é o desejo mais ou menos oculto do texto. Mas também visamos, mais a curto prazo, e pragmaticamente, que todos quantos nos lerem, e acharem que este projecto dos TAE vale a pena, nos continuem a enviar sugestões, trabalhos inéditos, notícias, recensões. Tantos e tantos já nos deram o seu apoio - como os índices dos últimos volumes da revista, neste tomo reproduzimos, testemunham - mas também de muitos outros, já contactados, esperamos ainda a gentileza do cumpri-mento da promessa que alguma vez nos fizeram. A de enviar um inédito para publicação, aumentando e enriquecendo o espaço de convívio que um projecto deste envolve, a montante e a juzante da publicação propriamente dita. Estes últimos podem contar com a nossa insistência, enquanto o ânimo não nos falecer, nem as condições se tornarem de tal modo adversas que, "in extremis", tenhamos mesmo de desistir. Qualquer pessoa com um mínimo de experiência nestas matérias asso-ciativas, editoriais - realizadas em regime de voluntariado, e pelo simples prazer de fazer algo neste mundo, não nos limitando apenas a sermos consumidores do que os outros fazem - perceberá a paixão subjacente a estas palavras simples. Criar, pela nossa iniciativa, e com todo o esforço que seja preciso, algo que fique, que tenha um efeito multiplicador, que fidelize leitores e público, que aproxime pessoas e atitudes culturais diversas, que sobreviva e ultrapasse a mera intenção de fazer, idealista ou utópica, para fazer mesmo, com os meios que estão à mão. Não esperando pelo futuro, mas adiantando-se a ele. E mantendo a regularidade e qualidade que uma publicação periódica exige; sublinhe-se: não só qualidade, mas também regularidade. De facto, trabalhamos neste projecto, também, para que conste que aqui no Porto, nos inícios do século XXI, um pequeníssimo grupo de pessoas é capaz de manter um título já clássico das nossas publicações periódicas da área das ciências sociais e humanas, procurando em cada tomo diversificar as matérias e revelar novos autores, abrindo-se ao largo mundo dos que escrevem em língua portuguesa ou castelhana, francesa, inglesa, italiana também... O projecto aberto em 1996, e sobretudo acentuado em 1997 com os "novos TAE", deverá consolidar-se nos próximos anos. Para isso convidamos mais uma vez - com o risco de nos tornarmos repetitivos - todos os elemen-tos da comunidade científica, portuguesa e estrangeira, da área das ciências sociais e humanas, a darem-nos o seu contributo. A divulgarem a revista entre pares e estudantes. É um acto de cultura, de civilidade, de dignidade. Cremos... Porto, Junho de 2003 Vítor Oliveira Jorge |
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Preâmbulo Corpo e identidade fragmentária Paulo Cunha e Silva Representações pós-analógicas do corpo e da identidade Suzana Dias, Paulo Cunha e Silva Doenças, promessas e peregrinações: as promessas de peregrinação a pé a Fátima Pedro Pereira Ambiente: desafios para um novo século Carlos Pimenta Arqueologia, Arquitectura e Património (achegas para uma coexistência pacífica) José d'Encarnação Aquém e além da modernidade: aproximações e distanciamentos entre Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre Mozart Linhares da Silva Descodificando o parentesco Luís Batalha Variaciones narrativas en un mito chacobo (Amazonía boliviana) Diego Villar Antropologia ecossistémica Nuno Grande V Á R I A A estação arqueológica da Senhora da Penha, Guimarães (Norte de Portugal): Notícia preliminar das escavações de 2002 Ana Bettencourt, António Dinis, Carlos Cruz, Isabel Sousa e Silva O povoado da Idade do Bronze de Santa Catarina, Guimarães (Norte de Portugal). Resultado dos trabalhos arqueológicos de 2002 Ana Bettencourt, António Dinis, Isabel Sousa Silva "A Luz da História" Vítor Oliveira Jorge Mudanças no mundo rural e nas representações do espaço: o papel dos sítios e dos parques arqueológicos Vítor Oliveira Jorge A iimagem como veículo de comunicação com o passado: da "arte rupestre" às novas tecnologias Vítor Oliveira Jorge Importância da arquitectura para uma pré-história da mente: em torno do estudo das cadeias operatórias, e da semiologia dos espaºos "primitivos" Vítor Oliveira Jorge A arquitectura pré-histórica como uma forma de arte: das "criptas" megalíticas aos "recintos" monumentais Vítor Oliveira Jorge Aos Arqueólogos de Todo o Mundo, Mensagem do Presidente da UISPP sobre o XV Congresso, Lisboa, Setembro de 2006 RECENSÃO "Antropologia Geral: Etnografia, Etnologia e Antropologia Social", por Arlindo dos Santos, Lisboa, Universidade Aberta, n.º 259, 2003 RECENSÃO "Olhar o Mundo como Arqueólogo", por Vítor Oliveira Jorge, Coimbra, Quarteto Editora, 2003 Trabalhos de Antropologia e Etnologia - Índices dos últimos volumes |