número 62 / 2022
Esta revista (inicialmente designada Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, órgão da SPAE), nasceu em 1919, com o fim especial de estabelecer um elo de ligação entre a SPAE e seus sócios e o mundo científico em geral, e também, através de intercâmbio com revistas congéneres, de enriquecer a biblioteca da associação. Nos tempos de Mendes Corrêa, um dos fundadores, e, mais tarde, de Santos Júnior, seu continuador, a SPAE e os TAE estavam intimamente ligados à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e ao seu Instituto de Antropologia (este depois extinto). Em 2010 a Reitoria da UP concedeu-nos um espaço para arrumo de publicações antigas (nossas, e as resultantes de intercâmbio), situado num edifício da Universidade, na Praça Coronel Pacheco, n.º 15, no Porto. A partir de Janeiro de 2015, por contrato assinado com a Reitoria da UP, esse espaço passou a ser o da nossa sede, ainda hoje em instalação (situação decorrente da perturbação geral causada pela pandemia, que obviamente também nos afetou). De facto, já em 2016, a nossa biblioteca foi doada, em cerimónia pública, à Universidade do Porto, com o fim desta vir a poder tratá-la e a disponibilizá-la em condições aos investigadores, estudantes, e a todos os interessados; condições essas que nós, como associação, de todo não possuímos. O objetivo é manter esse acervo funcional e homogéneo, e, se tal for possível à Universidade, esta o ir colo-cando online, para mais fácil acessibilidade. Esse acervo, graças à benemé-rita cooperação das Faculdades de Letras e de Ciências do Porto, já começou a ser deslocado da nossa sede para a Biblioteca da Faculdade de Ciências, seu definitivo lugar, onde futuramente poderá ser consultada, o que muito nos apraz registar e anunciar, e agradecemos.
A verdade é que os Trabalhos de Antropologia e Etnologia se foram tornando uma revista de referência, nomeadamente a partir de 1997, ano em que eles ganharam novo aspeto gráfico, dinâmica e conteúdo. De facto, assumiram por inteiro o seu carácter interdisciplinar e transdisciplinar, adentro do vasto campo das chamadas ciências sociais e humanas. Sem dúvida, apesar de todas as dificuldades, e nomeadamente a partir da renovação da SPAE, os TAE têm dado lugar e voz a uma grande diver-sidade de autores, muitos deles jovens, e têm publicado estudos de investi-gadores consagrados, marcando um espaço próprio adentro das publi-cações periódicas científicas, anuais, portuguesas, de ciências sociais e humanas, indo portanto para além do exclusivo campo da antropologia social ou cultural, mesmo tomada no seu sentido alargado. Os temas que obviamente nos importam são todos os que de algum modo contribuam para compreender melhor o ser humano e a sociedade, em toda a sua imensa complexidade e diversidade. A partir de 2012 inclusive optámos por esta solução de revista em linha (online), constrangidos por dificuldades financeiras, mas também porque esta é a tendência da maioria das revistas culturais e científicas. E a nossa revista é, assim, aberta a todos os interessados, tendo-se feito um esforço para que esteja praticamente toda disponível online, desde o seu início. Somos às vezes criticados pelo facto da revista não ter ainda o estatuto formal de um periódico revisto por pares; mas, na verdade, isso não lhe tem diminuído o valor, o interesse, a procura por parte de colegas e de leitores, e, sobretudo, dispomos de um conselho redatorial competentíssimo a que podemos recorrer regularmente, sempre que tal se verifica ser necessário. Agora, que continuamos a ter um número reduzido de sócios e muito escassos meios financeiros, voltamos a apelar a todos(as) os(as) colegas e interessados(as) a fazerem-se sócios da SPAE, reforçando uma instituição prestigiada como a nossa. Cordialmente apresento de novo a todos e todas os nossos votos de boas leituras, e de boa saúde, nos perigosos tempos pandémicos que infeliz-mente continuamos a atravessar, apesar de todos os esforços das autori-dades e dos profissionais de saúde do nosso país. Vítor Oliveira Jorge Diretor da revista |
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Preâmbulo A Cosmopolítica como Pluralismo Ontológico Philippe Descola Duas Antropologias e as Malhas do Império (Notas de Trabalho) António Medeiros Filhos de um outro Pai: Minorias Religiosas, a Relação Estado-Religião e o Diálogo Inter-religioso em Portugal João Ferreira Dias Fado, Spirituality and Healing: Sensing, Embodying and Performing Emotion in Lisbon, Portugal Eugenia Roussou Sobre Um Célebre Espectro Fernando Dores Costa Uma Falha Chamada Sujeito Filipe Pereirinha Um Olhar Sobre a Saudade no Cancioneiro Popular Português Lina Santos Mendonça Arthur Ramos: Pioneirismo e Militância Antirracismo no Brasil (1926-1949) Daniel Florence Giesbrecht O “Bota-Abaixo” de Pereira Passos: Transformação Urbana como Artifício Civilizatório? João Vítor Schmutzler Abrahão Ecos e Vestígios da Experiência Traumática de Graciliano Ramos no Cárcere Naitan Moreira Liao & Francisco Ramos de Farias Steps Toward an Archaeology of Life Julian Thomas A Arqueologia na Encruzilhada dos Saberes Contemporâneos: uma Perspetiva Vítor Oliveira Jorge Falecimento de João-Heitor Rigaud |