número 61 / 2021
Esta revista (inicialmente designada Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, órgão da SPAE), nasceu em 1919, com o fim especial de estabelecer um elo de ligação entre a SPAE e seus sócios e o mundo científico em geral, e também, através de intercâmbio com revistas congéneres, de enriquecer a biblioteca da associação. Nos tempos de Mendes Corrêa, um dos fundadores, e, mais tarde, de Santos Júnior, seu continuador, a SPAE e os TAE estavam intimamente ligados à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e ao seu Instituto de Antropologia (este depois extinto). Em 2010 a Reitoria da UP concedeu-nos um espaço para arrumo de publicações antigas (nossas, e as resultantes de intercâmbio), situado num prédio da Universidade, na Praça Coronel Pacheco, n.º 15, no Porto. A partir de Janeiro de 2015, por contrato assinado com a Reitoria da UP, esse espaço passou a ser o da nossa sede, ainda hoje em instalação. De facto, já em 2016, a nossa biblioteca foi doada, em cerimónia pública, à Universidade do Porto, com o fim desta vir a poder tratá-la e a disponibilizá- -la em condições aos investigadores, estudantes, e a todos os interessados; condições essas que nós, como associação, de todo não possuímos. O objec-tivo é manter esse acervo funcional e homogéneo, e, se tal for possível à Universidade, esta o ir colocando online, para mais fácil acessibilidade. Porém, ainda aguardamos a saída desse acervo da nossa sede, para assim também podermos organizar e utilizar melhor o nosso espaço disponível. Foi-nos prometido que tal ocorrerá o mais breve possível... assim conti-nuamos a esperar, certos da melhor boa vontade por parte dos respon-sáveis da UP.
A verdade é que os Trabalhos de Antropologia e Etnologia se foram tornando uma revista de referência, nomeadamente a partir de 1997, ano em que eles ganharam novo aspeto gráfico, dinâmica e conteúdo. De facto, assumiram por inteiro o seu carácter interdisciplinar e transdisciplinar, adentro do vasto campo das chamadas ciências sociais e humanas. Sem dúvida, apesar de todas as dificuldades, e nomeadamente a partir da renovação da SPAE, os TAE têm dado lugar e voz a uma grande diver-sidade de autores, muitos deles jovens, e têm publicado estudos de inves-tigadores consagrados, marcando um espaço próprio adentro das publi-cações periódicas científicas, anuais, portuguesas, de ciências sociais e humanas, indo portanto para além do exclusivo campo da antropologia social ou cultural, mesmo tomada no seu sentido alargado. Os temas que obviamente nos importam são todos os que de algum modo contribuam para compreender melhor o ser humano e a sociedade, em toda a sua imensa complexidade e diversidade. Uma matéria riquíssima! A partir de 2012 inclusive optámos por esta solução de revista em linha (online), constrangidos por dificuldades financeiras, mas também porque esta é a tendência da maioria das revistas culturais e científicas. Entretanto em 2018 — e continuando de algum modo em 2019 (de lembrar que esta revista começou a publicar-se em 1919) — celebrámos o Centenário da associação... a mais antiga do país no âmbito da Antropologia... e agora, que temos um número reduzido de sócios e de meios, mais uma vez convi-damos todos(as) os(as) colegas e interessados)as) a fazerem-se sócios da SPAE, reforçando uma instituição prestigiada como a nossa... necessitamos de pessoas que disponham do espírito generoso e dedicado que é intrín-seco ao trabalho voluntário, cuja “recompensa” é o prazer que dá a quem o faz. Porque só em conjunto, e ouvindo todas as vozes, concordantes ou discordantes, podemos “fazer associação”, produzir uma comunidade de intercâmbio de ideias. Cordialmente apresento de novo a todos e todas os nossos votos de boas leituras, e de boa saúde, apesar dos perigosos tempos pandémicos que atravessamos. Vítor Oliveira Jorge Diretor da revista |
(Clique na imagem para efectuar o download do volume 61 da revista TAE)
Preâmbulo A Revolta Ordeira: o Populismo Visto a Partir da Tradição de Comunicação Política Presente no Primeiro Liberalismo Fernando Dores Costa Maldito Contágio: uma Twitetnografia do Confinamento Provocado pela COVID-19 José Carlos Pinto da Costa Taquiescaquismo, ou o Xadrez como Sintoma Diniz Cayolla Ribeiro O Tigre não Precisa de Mostrar a sua Tigritude (?) Susana Guimarães e Castro As Árvores do Alto Minho. Uma Estratégia Pedagógica para Conhecer o nosso Património Arbóreo Álvaro Campelo, Tiago Pereira, Bruno Caldas Da Biofilia à Ecoterapia. A Importância dos Parques Urbanos para a Saúde Mental Marina Prieto Afonso Lencastre, Paulo Farinha Marques "Mouros e Cristãos”, um Enfiamento de Retratos e a Busca do Noroeste António Medeiros In the Shadow of the Salt Cod. Writing vs Staging the Stockfish History in the Iberian Peninsula António José Marques da Silva O Pintor Poeta: Considerações sobre o Desenho à Vista enquanto Ferramenta de Estudo de uma Comunidade Marta Carmezim Caldeira Gonçalves Vidas Rurais, Olivais e Transformação da Paisagem: Alentejo, 2020 Ricardo de Campos, Ema Pires Cantigas de Folgar e Outras Tradições Populares Esquecidas do Entrudo Alentejano Lina Santos Mendonça Conflitos Socioambientais em Comunidades de Pescadores Artesanais no Litoral do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil: Meio Ambiente e Desenvolvimento em Questão Geraldo Barboza de Oliveira Junior Uma Arqueologia Etnográfica do Ritual do Kiki: Aldeia Condá, Brasil, 2011 Isabella Brandão de Queiroz, Jaisson Teixeira Lino Impasses e Estranhezas nas Vivências Religiosas na Cidade de Manaus - Amazonas: Um Estudo de Caso do Espaço Educandense Raimunda Nonata Nunes da Silva Persistência Literária das Narrativas de Ifá no Oráculo do Risco da Semente Waldelice Souza Performances do Rosário: Repertórios de Resistência e Resiliência Juliana Aparecida Garcia Corrêa, Wanessa Pires Lott The Attitude Towards Science in the Changing Panorama of Archaeological Theory Artur Ribeiro Estará Morta a Teoria da Arqueologia em Portugal? Uma Análise Crítica Daniel Carvalho |