número 60 / 2020 Esta revista (inicialmente designada Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, órgão da SPAE), nasceu em 1919, com o fim especial de estabelecer um elo de ligação entre a SPAE e seus sócios e o mundo científico em geral, e também, através de intercâmbio com revistas congéneres, de enriquecer a biblioteca da associação. Nos tempos de Mendes Corrêa, um dos fundadores, e, mais tarde, de Santos Júnior, seu continuador, a SPAE e os TAE estavam intimamente ligados à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e ao seu Instituto de Antropologia (este depois extinto). Em 2010 a Reitoria da UP concedeu-nos um espaço para arrumo de publicações antigas (nossas, e as resultantes de intercâmbio), situado num prédio da Universidade, na Praça Coronel Pacheco, n.º 15, no Porto. A partir de Janeiro de 2015, por contrato assinado com a Reitoria da UP, esse espaço passou a ser o da nossa sede, ainda hoje em instalação. De facto, já em 2016, a nossa biblioteca foi doada, em cerimónia pública, à Universidade do Porto, com o fim desta vir a poder tratá-la e a disponibilizá- -la em condições aos investigadores, estudantes, e a todos os interessados; condições essas que nós, como associação, de todo não possuímos. O objectivo é manter esse acervo funcional e homogéneo, e, se tal for possível à Universidade, esta o ir colocando online, para mais fácil acessibilidade. Porém, ainda aguardamos a saída desse acervo da nossa sede, para assim também podermos organizar e utilizar melhor o nosso espaço disponível. Foi-nos prometido que tal ocorrerá o mais breve possível... assim conti-nuamos a esperar, certos da melhor boa vontade por parte dos respon-sáveis da UP.
A verdade é que os Trabalhos de Antropologia e Etnologia se foram tornando uma revista de referência, nomeadamente a partir de 1997, ano em que eles ganharam novo aspeto gráfico, dinâmica e conteúdo. De facto, assumiram por inteiro o seu carácter interdisciplinar e transdisciplinar, adentro do vasto campo das chamadas ciências sociais e humanas. Sem dúvida, apesar de todas as dificuldades, e nomeadamente a partir da renovação da SPAE, os TAE têm dado lugar e voz a uma grande diver-sidade de autores, muitos deles jovens, e têm publicado estudos de inves-tigadores consagrados, marcando um espaço próprio adentro das publi-cações periódicas científicas, anuais, portuguesas, de ciências sociais e humanas, indo portanto para além do exclusivo campo da antropologia social ou cultural, mesmo tomada no seu sentido alargado. Os temas que obviamente nos importam são todos os que de algum modo contribuam para compreender melhor o ser humano e a sociedade, em toda a sua imensa complexidade e diversidade. Uma matéria riquíssima! A partir de 2012 inclusive optámos por esta solução de revista em linha (online), constrangidos por dificuldades financeiras, mas também porque esta é a tendência da maioria das revistas culturais e científicas. Entretanto em 2018 — e continuando de algum modo em 2019 (de lembrar que esta revista começou a publicar-se em 1919) — celebrámos o Centenário da associação...a mais antiga do país no âmbito da Antropologia... e agora, que temos um número reduzido de sócios e de meios, mais uma vez convi-damos todos(as) os(as) colegas e interessados)as) a fazerem-se sócios da SPAE, reforçando uma instituição prestigiada como a nossa... necessitamos de pessoas que disponham do espírito generoso e dedicado que é intrín-seco ao trabalho voluntário, cuja “recompensa” é o prazer que dá a quem o faz. Porque só em conjunto, e ouvindo todas as vozes, concordantes ou discordantes, podemos “fazer associação”, produzir uma comunidade de intercâmbio de ideias. Cordialmente apresento de novo a todos e todas os nossos votos de boas leituras. Vítor Oliveira Jorge Diretor da revista |
(Clique na imagem para download do volume 60 da revista TAE)
Preâmbulo "O que Estamos A Fazer?” Ensaio Sobre a Economia Política da Promessa do Novo Imaginário Biomédico José Carlos Pinto da Costa Kundun e Kumari: A História Encantada do Misterioso Reino de Shangri-La – Contributos para o Estudo da Área Cultural Tibetano-Nepalesa Ana Paula Fitas Museus e “Aprofundamento Da Democracia” – É Possível Pensá-los, Fazê-los, Sustentá-los? Florbela Estêvão D O S S I Ê Introdução. Memória, Cultura e Porvir. Algumas Pistas para Pensar o Mundo Paula Godinho, Maria Alice Samara, Dulce Simões 1. A Cultura e a Força Material das Ideias Transmitiendo el Sentido Común: Los Cánticos y el Comportamiento Colectivo Pablo Pozzi Sementes de Futuro: Memória, Cultura e Resistência no MST Adelaide Gonçalves Camponeses e Comunistas: Diálogos Possíveis (Ceará, 1947-1953) Frederico de Castro Neves A Utopia dos Pobres nas Narrativas de Migração no Ceará, Nordeste do Brasil Kênia Sousa Rios Falta por Aqui uma Grande Razão (ou Várias Razões Pequenas?): O Chicote da História, o Todo e as Partes nas Práticas Sociais Paula Godinho 2. Entre a Experiência e a Expectativa: História Oral e o Passado do Futuro Sociedades Quilombolas na Amazónia Brasileira – Terra e Liberdade Eurípedes Funes Memória, Saúde e Pobreza: Narrativas do Sanitarista e Farmacêutico Rodolfo Teófilo em Finais do Século XIX Começos do Século XX, no Ceará Ana Karine Martins Garcia A Aventura como Ação Política: as Viagens Jangadeiras das Décadas de 1940-1950 Berenice Abreu Experiências, Práticas e Discursos num Contexto de Pesca Adelina Gomes Domingues O Trabalho e as Migrações na Envolvente da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães: Operários, Camponeses e “Vendeiros” Mariana Rei 3. Quando a Memória vira Património: entre a “Beleza do Morto” e os Novos Caminhos A Política na Pedra Maria Alice Samara Património, Saúde e Medicina, ou a Arte de dar Vida à Memória. Trilhos de Cultura & Ciência Maria de Fátima Nunes Ecualizando los Márgenes: Cultura Expresiva y Renovación Urbana en un Barrio Histórico del Centro de Lisboa Iñigo Sánchez Fuarros O Canto que Virou Património: da “Beleza Do Morto” aos Futuros Possíveis Dulce Simões Mordomia e Liminaridade nas Festas do Mártir em Barroso João Azenha da Rocha 4. Memórias e Ditaduras Colonialismo, Póscolonialismo e Colonialidade – Lugares de Memória. Para que Serve um Museu dos Descobrimentos? Rui M. Pereira Imagens sob Suspeita: a Censura e suas Negociações no Brasil em Tempos de Ditadura (1964-1985) Meize Lucas Ser-se outro Legalizado: Práticas de Falsificação de Documentos na Clandestinidade Comunista Cristina Nogueira Perdoem a Falta de Escolha, os Dias Eram Assim Vanessa de Almeida A.M./A.M. para Memória Futura: Dois Homens que Lutaram Contra a Ditadura dos Dois Lados da Fronteira e Meios de Produção de Memória João Baía 5. Outros Tempos Hão-de Vir: o Lugar do Futuro na Pesquisa em Ciências Sociais Camponeses, Projetos e o Futuro Fernando Oliveira Baptista Quando o Passado nos dá Sementes para Colher Futuros. Partilhar Saberes Locais para Enfrentar Problemas Globais Maria Helena A. G. Marques Da Memória à Construção de Narrativas Presentes: a Experiência do Centro de Memórias do Museu do Trabalho Michel Giacometti. 9 anos. Comecei a Trabalhar na Fábrica aos 9 anos (Tia Ana, 2008, Setúbal) Maria Miguel Cardoso Cabazes de Nostalgia e Retóricas do Mar entre Malaca e Portugal Ema Cláudia Pires A Bolsa de Bielsa e Outras Histórias para Espreitar o Futuro João Carlos Louçã |