número 35 (4) / 1995
Com a presente publicação do oitavo volume de Actas chegamos ao fim do compromisso assumido desde 1991/92 - perante os sócios da SPAE, os congressistas, os colegas que nos ajudaram, e as entidades que nos apoia-ram - da realização deste 1.º Congresso de Arqueologia Peninsular. Sem hipócrita modéstia, cremos que, em todos os aspectos, se exce-deram as expectativas: lembramos tão só, por ex., que os volumes de Actas estavam apenas, inicialmente, para ser só seis. E, se algum "calcanhar de Aquiles" temos, esse é o da distribuição dos volumes, cuja rapidez gosta-ríamos que acompanhasse a celeridade da respectiva produção; mas é evidente que o amadorismo de toda a estrutura organizativa do congresso é para nós, a esse nível, difícil de superar. A SPAE é uma pequena entidade, cujos sócios pagam uma quota simbólica, e que não dispõe de funcionários nem, mesmo, de um mínimo de espaço operacional de trabalho. Foi um autêntico "milagre", de esforço e de voluntarismo, termos concretizado este congresso. Por isso solicitamos agora a melhor compreensão de todos os sócios e participantes para as nossas deficiências estruturais, insuperáveis a curto prazo, mas que a SPAE irá tentando colmatar na medida do possível. Quisemos apenas provar que, mesmo com essas dificuldades, é possível conceber e levar à prática, com ousadia, em Portugal, realizações de grande monta, ultrapassando as atávicas desculpas da mediania, da inércia e do conformismo. De mãos dadas com os colegas da vizinha Espanha (como deveria acontecer em tantos aspectos da vida nacional), pusemos de pé o maior congresso de Arqueologia jamais realizado no nosso país, autêntico marco da história desta disciplina na nossa Península. Perdoem-nos se estamos orgulhosos disso: foram 5 anos das nossas vidas! Este último volume inclui os últimos textos de comunicações/posters chegados à nossa mão, bem como os resumos dos restantes (antes publi-cados no, por natureza efémero, "livro-guia"), isto é, daqueles trabalhos que, apesar dos prorrogamentos sucessivos de prazos, e de insistências cons-tantes, os autores não puderam ou quiseram enviar-nos. Insere ainda índices de todos os volumes, com os nomes da totalidade dos autores e das palavras-chave dos seus artigos, apresentados por ordem alfabética. A simples consulta destas listas dá uma ideia do que foi a variedade de pessoas e de temas que o congresso abrangeu. Por fim, inserimos um "dossier" especial sobre o património do rio Côa e sua problemática, por se tratar, a nosso ver, da questão - arqueológica, mas não só - mais importante que ocorreu na Arqueologia da nossa Península desde que o Congresso foi concebido e realizado. Pena é que não tenha havido a oportunidade de, nele, o assunto (na fase em que se encontrava em Outubro de 1993) ter sido equacionado; teria sido este o foro mais apropriado para tal, evitando-se talvez muito do que veio a acontecer depois. Mas, em vez de lamentar o passado, há que construtivamente olhar para o futuro, chamando de novo a atenção dos colegas para o facto, óbvio, de que o assunto do Côa - hoje um dos sítios de referência da arte rupestre mundial - diz respeito a toda a Península Ibérica (e não só). Precisámos, neste caso, da solidariedade activa e da colaboração de muitos colegas e cidadãos, para levar a melhor uma luta desigual que encarniçadamente travámos, durante muitos meses, em nome da cultura e da civilização, num esforço permanente para evitar um erro clamoroso (produto de profunda ignorância e altivez), que nos envergonharia para todo o sempre. Aos colegas, aos autores, aos jovens, às entidades que nos ajudaram a realizar este congresso, mais uma vez, obrigado, em nome da SPAE e de todos os organizadores. Nesse agradecimento, seja-nos permitido destacar a Reitoria da Universidade do Porto, que, com clarividência, compreendeu ser esta uma realização científica interdisciplinar capaz de prestigiar a insti-tuição em cujo seio se gerou e concretizou. Até Zamora, em Setembro do próximo ano, para o 2.° Congresso, ao qual desejamos desde já o maior êxito! Porto, Agosto-Novembro de 1995 Vítor Oliveira Jorge Secretário-Geral do Congresso para Portugal |
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Preâmbulo Vítor Oliveira Jorge A Arqueologia portuguesa em mapas e números Fernando C. S. Real Livre acesso ao passado: por uma Pré-história pluralista Vítor Oliveira Jorge Elementos para o estudo da cadeia operatória de produção de bifaces da indústria acheulense do Casal do Azemel (Vale do Rio Lis, distrito de Leiria, Centro de Portugal) João Pedro Cunha Ribeiro The Upper Paleolithic of the Rio Maior basin (Portugal). Preliminary results of a 1987-1993 Portuguese-American research project João Zilhão, Anthony E. Marks, C. Reid Ferring, Nuno F. Bicho, Isabel Figueiral Del Solutrense en la Peninsula lberica: el Solutrense en Portugal y los inicias del Solutrense Marco de la Rasilla Vives, César Llana Rodrígues Evolución de la industria lítica en el yacimiento del Roc del Migdia (Vilanova de Sau, Barcelona, Catalunya) durante los últimos diez mil anos A. Rodríguez, E. I. Yll Novas escavações arqueológicas na Serra da Aboboreira Carla Stockler, José Manuel Varela El fenómeno megalítico en la zona occidental de la Cordillera Bética P. Aguayo Um caso de metalurgia primitiva de ouro na 1.ª metade do 3º milénio AC: o abrigo do Buraco da Pala - Mirandela José Cavalheiro, Maria de Jesus Sanches El poblado del Cabezo del Plomo (Mazarrón, Murcia). Interpretación (Resumo) Ana M.ª Muñoz Amilibia Rochas com covinhas na região do Alto Tejo português Francisco Henriques, João Carlos Caninas, Mário Chambino The provenience of portuguese archaeological amber artefacts - a case study from Moreirinha (Beira Baixa) Curt W. Beck, Raquel Vilaça Notas para o estudo do urbanismo da cidade romana de Bobadela Helena Frade, José Carlos Caetano, Clara Portas, José Luís Madeira Tecnologia cerámica de las producciones de! alfar vallisoletano de la calfe Duque de la Victoria Miren Ayerbe lrizar, Olatz Villanueva Zubizarreta Cerâmicas medievais de Braga Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar O Côa numa perspectiva cultural Manuel Maria Carrilho DOSSIER CÔA Apresentação Vítor Oliveira Jorge Poema para o Côa Vítor Oliveira Jorge Portuguese rock art: a general view Vítor Oliveira Jorge, Susana Oliveira Jorge Arte Rupestre do Vale do Côa. 1. Canada do Inferno. Primeiras impressões António Martinho Baptista, Mário Varela Gomes The stylistically Paleolithic petroglyphs of the Côa valley (Portugal) are of Paleolithic age. A refutation of their "direct dating" to recent times João Zilhão O sítio arqueológico paleolítico do Salto do Boi (Cardina, Santa Comba, Vila Nova de Foz Côa) João Zilhão, T. Aubry, A. F. de Carvalho, G. Zambujo, F. Almeida Os métodos de "datação directa" aplicados no Côa António M. Monge Soares La valorisation du patrimoine archéologique, support du développement économique Henry de Lumley Breves remarques à propos du si te d'art rupestre de Foz Côa (Portugal), de son importance et de son devenir Dominique Sacchi Plano estratégico de salvaguarda e valorização do património do vale do Côa - proposta Geoideia Parque Arqueológico do Côa. Ideias e propostas para um projecto Alexandra Cerveira Pinto, Virgílio Hipólito Correia, António Manuel Silva Arqueologia do vale do Côa - A estação arqueológica da Quinta de Santa Maria da Ervamoira Gonçalves Guimarães Art paléolithique et Éthologie António Bracinha Vieira Quanto vale uma barragem? Manuel Carvalho Adeus Ervamoira Manuel Carvalho Casos, acasos, ocasos Luís Raposo A verdadeira importância das gravuras do Côa Luís Raposo O betão também se abate Mário Melo Rocha Da crítica do Plano Hidrológico Espanhol aos actuais impasses da nossas política de Ambiente Mário Baptista Coelho A confusão de Foz Côa António Ressono Garcia Lamas Gente remota Miguel Vale de Almeida Compromisso com o Côa Vítor Oliveira Jorge O escândalo do Côa João Pedro Cunha-Ribeiro, João Zilhão O milagre de Foz Côa Augusto Abelaira Contra a humanidade Manuel António Pina Côa: "fundamentalismo" do betão? Vítor Oliveira Jorge Por que é que o património cultural do Côa não pode ir por água abaixo? Vítor Oliveira Jorge Património do Côa: novo esclarecimento à opinião pública Vítor Oliveira Jorge Todos temos a ver com o Côa Vítor Oliveira Jorge Foz Côa: o deserto de betume e as falsas oposições Luiz Oosterbeek Vila Nova de Foz Côa. Conservación y rentabilidad social del património arqueológico Alfonso Moure Romanillo Deixem descansar os deuses Cáceres Monteiro Côa: cosmos ou caos? Vítor Oliveira Jorge Côa, rio do nosso deslumbramento Vítor Oliveira Jorge Política e ciência na questão do Côa João Zilhão Parque Arqueológico Nacional do rio Côa (PANRC): uma realidade a implementar urgentemente no interesse do bem comum Vítor Oliveira Jorge Foz Côa: o ónus da prova José Mariano Gago Rio Côa: um espaço natural monumentalizado Vítor Oliveira Jorge Faz-de-conta em Foz Côa Nuno Ribeiro da Silva Sobre o (precário) estado da Arqueologia em Portugal: breve depoimento Vítor Oliveira Jorge Côa: algumas etapas (condenadas ao fracasso) de uma ameaça de atentado contra o património mundial Vítor Oliveira Jorge Sobre a polémica da datação das gravuras rupestres do vale do Côa João M. Peixoto Cabral Os charlatães do Côa António M. Monge Soares "Les jeux sont faits" Luís Raposo Côa, a barragem silenciosa João Pedro Cunha-Ribeiro Foz Côa: referência universal de uma nova arqueologia portuguesa Vítor Oliveira Jorge A propósito da arte do Côa António Bracinha Vieira Gravuras do Côa: função e utopia António Bracinha Vieira Datação paleoecológica das gravuras do Côa António Bracinha Vieira Placing "rock art" in its archaeological context: the case of the high Douro region, and particularly of the Côa area (north of Portugal) in late prehistory Susana Oliveira Jorge Rock art and archaeological excavation in Portugal: some remarks Vítor Oliveira Jorge Foz Côa, une découverte exceptionnelle Denis Vialou Arcaísmos na Arqueologia portuguesa Francisco Sande Lemos Arqueologia portuguesa - alguns pressupostos de uma nova dinâmica Vítor Oliveira Jorge Sobre los grabados de Foz Côa y su cronología César González Sainz Reflexiones sobre el conjunto de grabados rupestres de Foz Côa Antonio Beltrán O santuário de arte rupestre do vale do Côa. Da política dos adiamentos ao escândalo da desinformação Vítor Serrão A defesa do santuário de arte rupestre do Côa, imperativo cultural do povo português Vítor Serrão O «drama» da água, Malthus e o clube de Roma Nuno Ribeiro da Silva Um património para a nossa vida Augusto Santos Silva O Côa e as «Letras» Vítor Oliveira Jorge Cultura, Arqueologia, e algo mais: um desafio para uma política transversal Vítor Oliveira Jorge Nada de novo Clara Pinto Correia Lição do Côa - ponto de vista de um repórter José Gomes Bandeira Salvar o Côa: o Movimento Internacional para a Salvaguarda da Arte Rupestre do Vale do Côa Mila Simões de Abreu |