número 57 / 2017
A revista (inicialmente considerada um “boletim”) Trabalhos de Antropo-logia e Etnologia, órgão da SPAE, nasceu em 1919, com o fim especial de estabelecer um elo de ligação entre a SPAE e os seus sócios e o mundo científico em geral, e também, através de intercâmbio com revistas congéneres, de enriquecer a biblioteca da associação. Nos tempos de Mendes Corrêa, o fundador, e, mais tarde, de Santos Júnior, seu continuador, a SPAE e os TAE estavam intimamente ligados à Faculdade de Ciências do Porto e ao seu Instituto de Antropologia. Tinham assim um mínimo de meios logísticos, que eram então importantes, e naturalmente se foram alterando ao longo do tempo. Hoje, por exemplo, e com a reorganização geral da Universidade, esse Instituto já não existe.
Em 2010 a Reitoria da UP concedeu-nos um espaço para arrumo de publicações antigas (nossas, e as resultantes de intercâmbio), situado na Praça Coronel Pacheco, nº 15 - 4050-453 Porto; a partir de Janeiro de 2015, por contrato assinado com a Reitoria da UP, esse espaço passou a ser o da nossa sede, ainda em instalação. Já em 2016, após inventário (que ficamos a dever à UP, por intermédio da nossa consócia Professora Fernanda Ribeiro, atual Diretora da FLUP, e especialista em ciências da informação), a nossa biblioteca foi doada, em cerimónia pública, à Universidade do Porto, com o fim desta poder tratá-la e disponibilizá-la em condições aos investigadores, estudantes, e a todos os interessados; condições essas que nós, como associação, de todo não possuímos. O objetivo é manter esse acervo funcional e homogéneo, e, se tal for possível à Universidade, esta o ir colocando online, para mais fácil acessibilidade. A verdade é que os Trabalhos de Antropologia e Etnologia foram-se tornando uma revista de referência, nomeadamente a partir de 1997, ano em que eles ganharam novo aspecto gráfico, dinâmica e conteúdo. De facto, assumiram por inteiro o seu carácter interdisciplinar e transdisciplinar, adentro do vasto campo das ciências sociais e humanas. Sem dúvida, apesar de todas as dificuldades, e nomeadamente a partir da renovação da SPAE, os TAE deram lugar e voz a uma grande diversidade de autores, muitos deles jovens, e publicaram (nomeadamente com o apoio da FCT, entre outras instituições) estudos de investigadores consagrados, marcando um espaço próprio adentro das publicações periódicas científicas, anuais, portuguesas, de ciências sociais e humanas, indo portanto para além do exclusivo campo da antropologia social ou cultural. Os temas que obviamente nos importam são os que permitam compreender melhor o ser humano e a sociedade. E isso é uma problemática muito ampla e que obviamente toca a todos e a cada um de nós. A partir de 2012 inclusive, as dificuldades de financiamento, de armazenamento, e até o aumento de custos de correio e a diminuição do número de sócios com as quotas em dia levaram-nos a tudo tentar para conseguir a continuação da publicação da revista, agora em linha (online), de forma gratuita, recorrendo, para os volumes 52, e 53-55, a trabalho gracioso, hoje já tão raro. O último volume dos TAE em suporte convencional (impresso) foi pois o 51, de 2011. Graças à colaboração benévola do nosso consócio Tiago Gil, foi assim possível passar a formato digital a partir de 2012. Porém, o imenso trabalho que uma revista destas impõe, tanto na composição como na sua colocação no respectivo site, obriga-nos agora a recorrer a trabalho profissional. E, concluído agora este volume 57, que nos parece muito diversificado e rico, passamos desde já à fase seguinte, que é a de preparar o volume de 2018, com tempo, pelo que, sem delongas, solicitamos o envio de propostas de trabalhos inéditos, dentro do espírito interdisciplinar e transdisciplinar da revista, para publicação (ver as respetivas normas noutro local). Entretanto convidamos todos os colegas e interessados a fazerem-se sócios da SPAE, reforçando uma instituição prestigiada, e, mesmo que o não sejam, as frequentar as sessões abertas que organizamos de forma regular (nomeadamente com a colaboração gentil e graciosa da Fundação Engenheiro António de Almeida) e publicitamos profusamente. Cordialmente apresento de novo aos leitores os nossos votos de boas leituras, e em nome da SPAE agradeço a todos os que de algum modo permitiram a existência de mais este volume, com todo o imenso trabalho colectivo que ele pressupõe. Vítor Oliveira Jorge Director da revista |
(Clique na imagem para download do volume 57 da revista TAE)
Preâmbulo Homo technologicus? Desafios trazidos pela tecnologia no passado e no presente Patrícia Ferraz de Matos Técnicas do corpo, mentes religiosas e o cérebro social. Observações da antropologia estrutural para a psicologia evolutiva Marina Prieto Afonso Lencastre O Corpo em Mutação Pedro Manuel-Cardoso Fenómenos Migratórios e Processos de Construção Identitária. Uma leitura antropológico-filosófica Ana Paula Fitas Philippe Descola (Colégio de França) e Tim Ingold (Universidade de Aberdeen) – dois vultos maiores da antropologia contemporânea Vítor Oliveira Jorge Realismo da interpretação. A legitimidade da representação em Fernando Gil Inês Sousa Música, Paisagem Sonora e Recurso Social: estudo antropológico do grupo de música popular portuguesa "Cantares da Serra" de Mação (Portugal central) Graziela Armelao Jácome Retrospectiva das investigações e metodologias no estudo do Paleolítico Inferior no Vale do Tejo em território português Sara Cura DOSSIÊ NA REDE, COM INTERMITÊNCIAS. SEIS CASOS ETNOGRÁFICOS Introdução António Medeiros, Jorge Freitas Branco Emigrantes 2.0: Ucranianos online em tempo de guerra Margarida Caseiro Clickbaits, violência e arte pública na Quinta do Mocho, Loures Henrique Chaves O Azulejo saiu da parede Marluci Menezes O Património Baul e a Indústria Cultural Sandra C. S. Marques Barragistas na rede: construção de memória e identidade nas redes sociais Lurdes Pequito "I’m not exotic, I’m exhausted”. Africanos no Brasil, culto da elegância e consumo de luxo Antônio Motta |