número 46 (1-4) / 2006
No dia 20 de Junho deste ano de 2006 a SPAE organizou uma conferência que proferida pela Doutora Maria de Fátima Cabral (psicóloga clínica no Hospital de Crianças Maria Pia; psicanalista de crianças, adolescentes e adultos; membro titular da Sociedade Portuguesa de Psica-nálise) no Centro Unesco do Porto, sob a título "O que significa crescer"?. Mais uma vez contámos com a colaboração da Fundação Eng. António de Almeida para a cedência gratuita daquele equipamento.
De novo no mesmo espaço e com o mesmo apoio, vai esta associação levar a cabo outra conferência, desta vez a cargo do Doutor em antropologia João Pedro Galhano Alves (graduado pela Universidade d'Aix-Marseille; bolseiro post doc), no dia 20 de Dezembro, dia em que contamos lançar publicamente o presente volume. Aquele experimentado antropólogo abor-dará o tema: "A caça com arco e flecha nos sistemas agrários - represen-tações culturais e modos de uso da natureza da África Ocidental. Ilustrações a partir de comunidade Gourmantché e de outros grupos da região do Parque Nacional W. Níger". Assunto, aliás, sobre o qual está a organizar uma grande exposição em Madrid. Não precisamos de mencionar mais nada, creio, para mostrar o papel de utilidade social e cultural que continua a ter uma pequena (mas já tradi-cional, porque inicialmente fundada em 1918 pelo Prof. Mendes Corrêa) associação científica como a nossa, nesta cidade do Porto e no país. Cidade onde se encontra a maior universidade pública portuguesa e na qual, no entanto, não é leccionada antropologia social ou cultura (ou tão somente antropologia, como se preferir) senão numa universidade privada. É evidente que as actuais problemáticas da antropologia nada têm que ver com a matriz ideológica que viu a SPAE e tantas organizações congé-neres nascer, por essa Europa fora; mas refundi-la, para a tornar moderna e útil (sobretudo através desta revista, que entre 1997 e 2005 foi semestral, e publicou 18 tomos), tem sido o nosso esforço continuado, persistente, num ambiente onde o trabalho voluntário não é fácil de obter, e onde os apoios institucionais não têm sido suficientes. Mesmo assim, os conferencistas, ou os autores que aqui participam com os seus trabalhos, prestam-nos a sua colaboração a título gracioso, chegando ainda a agradecer-nos... pois talvez o ambiente académico, às vezes tão mal compreendido, ainda seja um dos últimos redutos que escapa à lógica invasora do mercado: nós fazemos muitas coisas pelo simples prazer de as ver feitas, ou pela evidente vontade de afirmação e desejo de que algo de muito válido não seja, pura e simplesmente, desbaratado. Tal seria de facto um "luxo" a que não nos podemos dar. Ao contrário: temos de revitalizar todos os recursos herdados e dar-lhes novo rumo - é o que temos tentado fazer na SPAE. No momento em que escrevo, o espólio da associação (publicações suas, e outras obtidas por intercâmbio), que teve de sair do antigo edifício da Faculdade de Ciências, agora Reitoria (Praça Gomes Teixeira, a qual continua todavia a servir como nosso "caixa de correio"), encontra-se empa-cotado em instalações da Universidade (Rua D. Manuel II, Porto), graças a apoio prestado por aquela Reitoria nesse sentido. Estamos entretanto confinados aos meios particulares de alguns membros da direcção para podermos prosseguir. Por isso pedimos que os sócios e outras entidades nos contactem, se preciso, através do e-mail mencionado na fiche técnica. Esperemos que os reiterados apelos feitos a quem de direito tenham satisfatória resposta no sentido da superação desta deficiente situação. O antropólogo, e os seus songéneres, está habituado a trabalhar em terreno difícil. Vamos para a frente. Porto, Novembro de 2006 Vítor Oliveira Jorge Director da revista |
(clique na imagem para download do volume 46 (1-2) da revista TAE)
Preâmbulo Existência, instuição, presença. A tripartição dos actos de crença no Tratado da Natureza Humana Paulo Tunhas Fenomenologia biológica, conhecimento e linguagem. O contributo de Tim Ingold para uma ecologia sensível Marina Prieto Afonso Lencastre Elementos para a história da Antropologia Biológica em Portugal: O contributo do Museu Bocage (Museu Nacional de História Natural, Lisboa) Hugo F. V. Cardoso Uma fábrica no mato: políticas de produção e mudança técnica na indústria do caju em Moçambique Fernando Bessa Ribeiro Soñando con Griaule. A propósito de algunas investigaciones recientes sobre la historia de la antropología Diego Villar O olhar da (Real) Associação dos (Architectos Civis e) Archeologos Portuguezes (re)lançado sobre o(s) passado(s) conimbricense(s) Ana Cristina Martins A oração portuguesa da tradição oral Carlos Nogueira A sátira: de João de Deus a António Aleixo Carlos Nogueira A sátira na poesia de Gomes Leal Carlos Nogueira DOSSIER: O TEMPO E A MÚSICA II Da música Eduardo Lourenço Wolfgand Amadeus Mozart: considerações antropológicas João-Heitor Rigaud O Ritmo e o Tempo - breves referências Manuel Ivo Cruz VÁRIA Expressões anatómicas populares, mímica e linguagem gestual Abel Sampaio Tavares Da confiança à dominação. Uma nova abordagem de Tim Ingold ao tema do surgimento da domesticação Gonçalo Amaro Recensão/Review: Aesthetics and Rock Art. HEYD, Thomas & John CLEGG (eds.), Aldershot, Ashgate Publishing Co, 2005. (HB edition, 28+316 p.) Luiz Oosterbeek A melancolia de um objecto: Sobre Vitrinas Muito Iluminadas de Vítor Oliveira Jorge (2005) Luís Quintais |